Bagagem...

Certo dia, enquanto ainda estava fora de casa, tive a oportunidade de passar uma semana hospedada na casa de uma família muito bacana, onde a cada momento podíamos ver a graça de Deus manifestando-se naquele lar. Estávamos eu e mais 8 fazendo um trabalho na igreja local desta cidade, e, como que de costume, diariamente tínhamos o nosso momento devocional. Naquela semana, fui designada a compartilhar a palavra de Deus num dos dias em que estivemos lá. Pedindo a direção de Deus, lembrei-me de uma palavra que Ele me deu numa tarde de sábado...

"Reunindo os Doze, Jesus deu-lhes poder e autoridade para expulsar todos os demônios e curar doenças, e os enviou a pregar o Reino de Deus e a curar os enfermos. E disse-lhes: Não levem nada pelo caminho: nem bordão, nem saco de viagem, nem pão, nem dinheiro, nem túnica extra." LUCAS 9:1-3

Quando leio esse texto, sempre tenho a impressão que da mesma forma como Jesus enviou aqueles Doze com uma missão, Ele me envia todo o dia. A palavra “Doze”, escrita com letra maiúscula, está deixando claro para nós que não eram quaisquer doze pessoas, quaisquer doze seguidores, mas eram os doze que Jesus havia preparado, instruído e dado poder e autoridade sobre os demônios, sobre as doenças, sobre a Palavra.

Será que da mesma forma com que Jesus se refere aos Doze, Ele não está te chamando especificamente? ” Lara, hoje eu te dou poder e autoridade sobre essa situação na sua casa, vá e pregue!” “Pedro, hoje eu te envio para mudar a geração de onde você estuda”. “Natália, eu te preparei para que você trabalhe na edificação da tua igreja, vá!”. Será que nesse exato momento Deus não está te dando uma razão pela qual ele te escolheu, te ensinou, te instruiu e te deu poder e autoridade?

Mas, sabe o mais interessante nisso tudo? “E disse-lhes: Não levem nada pelo caminho: nem bordão, nem saco de viagem, nem pão, nem dinheiro, nem túnica extra”. O NOSSO FARDO.

Para aqueles discípulos, o bordão, o saco de viagem, o pão, o dinheiro e a túnica extra, acessórios que normalmente os ajudariam em alguma coisa (ou muita coisa!), nessa situação estariam atrapalhando, pois nada mais era do que excesso de bagagem. 

Então eu paro pra pensar, toda vez que Jesus me envia, quais são as coisas as quais Ele me diz para não levar? Qual é o meu excesso de bagagem? Muitas vezes nós usamos coisas como o nosso “bordão” (cajado), pessoas ou situações para nos apoiarmos, esquecendo que Deus é o nosso cajado! Levamos nosso saco de viagem, e nele nós colocamos dentro tudo o que não queremos ver, não queremos confrontar, não queremos relembrar. 

O que você tem posto no seu saco de viagem? Medo? Preocupação, complexo de inferioridade, situações as quais você não resolveu? Seu chamado? Uma decepção, trauma? O saco fica cada vez mais pesado, pois nós sempre temos algo a colocar nele, é mais cômodo do que termos que jogar fora, ou carregá-lo todo dia olhando para ele.

O pão. Qual tem sido seu pão? Do que você tem se alimentado? O que tem sustentado o seu espírito? Será que é a palavra de Deus, ou será que você está levando o alimento desnecessário para sua viagem?

Dinheiro, representação da total dependência de Deus. Às vezes, nós não conseguimos acreditar que Deus é Deus que consegue fazer todas as coisas, e queremos ter a nossa “carta na manga”. Represento isso como o “dinheiro”. Aqueles discípulos poderiam ter alguma emergência, necessidade de coisas básicas, e o dinheiro seria a forma humana mais prática de resolver uma situação dessas, mas Deus é a resposta absoluta sobre qualquer questionamento, sobre qualquer necessidade.

Túnica extra. A túnica utilizada por eles iria se desgastar, ficar suja, pois existia muita estrada pelo caminho. No nosso caminho há muitas estradas, algumas muito esburacadas, sujas. Há medo, decepção, desânimo, desgasto. O nosso espírito precisa ser restaurado, assim como a túnica daqueles homens. Deus não precisa que você tenha guardado uma túnica extra, pois Ele restaura o teu espírito a cada momento.

Ao longo da semana na casa dessa família, eles começaram a compartilhar suas dificuldades com a gente. A caminhada de fé, o cansaço, as lutas... Em nós, eles encontraram pessoas as quais eles podiam conversar, desabafar. Então, examinei a minha vida e pensei como poderia ajudar aquela família se eu estava levando tanta bagagem nessa jornada. Bagagem tal que me impedia muitas vezes de prestar atenção no outro, por estar preocupada demais com aquilo que eu estava carregado. Preocupação com as minhas atividades, com meu cronograma a ser cumprido, com minha volta à minha cidade, com situações que eu teria que lidar depois de alguns dias, por situações mal resolvidas dentro do grupo, e mais uma série de fatores. Eu estava no meu limite, mas existia um detalhe que eu não pude deixar de perceber: Jesus me mandou largar essa bagagem! Eu não precisava levá-la comigo. E assim eu o fiz!

Sabe por que Deus insiste em que você largue a sua bagagem? PORQUE ELE QUER CARREGAR VOCÊ!

Qual a sua bagagem?

Adrianne Garcia

Ministério Atos 29

Membro da Igreja do Evangelho Quadrangular Jardins